Frank Miller, na CCXP em São Paulo, falou sobre novo Cavaleiro das Trevas e disparou: “Quem se ofende com política nos quadrinhos são aqueles que deveriam se sentir ofendidos”. Se não se ofendem com o avanço das primeiras etapas do fascismo, como, de acordo com o Museu do Holocausto, nacionalismo exacerbado, desdém pelos direitos humanos, supremacia militar, machismo desenfreado, mídia parcial, mistura de governo e religião, ataque aos direitos trabalhistas, obsessão sobre crimes e desprezo pelas artes e intelectuais. Este último item, foi manchete, mais uma vez, na última semana. As pessoas que sempre defendem os gestos da corte, nunca se manifestam nesse momento.
Sabemos que esse ódio as artes, que faz parte da estratégia, dentro dos itens acima citados, para afogar as ideias e debates e para dispersar a atenção dos temas importantes na política. São muitos tiros para todo lado. Dois foram salvos devido a muita pressão popular. Uma foi a retirada do MEI, que provocou uma grande massa de manifestações, inclusive de Bolsonaristas, obrigando o governo a recuar dessa agressão ao trabalho. Já taxou os desempregados, só faltava acabar com a mínima possibilidade de trabalho particular. A outra foi a justiça impedir a nomeação de Sérgio Camargo na fundação Palmares. A fundação Palmares, Criada em 1988, que tem como foco preservar a cultura afro-brasileira. Iria nomear alguém que disse que escravidão foi benéfica. Você tem ministro do meio ambiente contra as florestas; da educação contra as universidades; da justiça é contra a Constituição; das relações exteriores é contra o Mercosul; fica difícil dessa forma. Na sentença, o juiz escreveu: “tem o condão de ofender justamente o público que deve ser protegido pela entidade”.
O presidente da Ancine retirou os cartazes de filmes brasileiros na entidade e do site. O órgão criado para incentivar o cinema brasileiro tem raiva do cinema brasileiro. Os anuários da Ancine somam 1165 longas-metragens entre 2010, além dos curtas. Têm ideia da quantidade de emprego que se tem em 1165 longas?
Talvez a maior falastrice foi do presidente da Funarte, Dante Mantovani, que disse que Os Beatles foram invenção socialista para fazer garotas abortarem. Parece até notícia de site de humor, mas o presidente tinha falado que só iria ter indicações técnicas. O mesmo presidente da Funarte não fica por aí. Fala que John Lennon tinha pacto com o demônio. Preocupante o nível da cultura no país e como diriam os próprios Beatles: Help! Sobrou até para o Rei do rock Elvis Presley, falando que ele era um “experimento soviético para destruir a juventude, a moral e as famílias”.
Os Beatles, que surgiram em Liverpool, Inglaterra, eram uma banda de garotos que tocavam bastante e faziam a alegria do Cavern Club. Foram o grupo musical que mais venderam na história da música, ou seja, muito importantes tanto para a música como para a indústria da música e o capitalismo. Venderam mais discos nos Estados Unidos do que qualquer outro país. Os Beatles foram incluídos na revista Time das 100 pessoas mais importantes do século XX e perceberam isso ainda em atividade e viram a capacidade de alcance que sua palavra poderia alcançar e justamente por causa disso, resolvem pregar a paz e inclusão social. Nessa época, temos várias tensões sociais acontecendo, como a liderança de Martin Luther King na marcha pelos direitos civis nos Estados Unidos e a Guerra do Vietnam. Não podiam ficar calados diante de tudo isso e como o Rock é uma ferramenta de resistência e antifascista culminou na música All You Need Is Love e logo depois no maior álbum da história: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Lennon seria depois, uma liderança importante pelas causas sociais e paz no mundo, o que incomodou é claro, a extrema direita.
Entre Jimi Hendrix e Dante Mantovani, fico com o 100% satanista e abortista.